A informação vinda de Brasília de que o Ministério da Agricultura e Pecuária estuda reduzir o teor de umidade da soja no padrão oficial de classificação dessa importante cultura está levando enorme preocupação aos produtores paranaenses. Tanto assim que esse foi o tema central da reunião desta semana da Comissão Técnica de Cereais da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná).
Hoje, os critérios de classificação da soja permitem que o grão tenha até 14% de umidade. Uma das propostas estudadas pelo Mapa visa reduzir esse índice para 13%, sob o argumento de que a mudança seria necessária para cumprir uma exigência da China. Na reunião da Faep, a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) apresentou um levantamento com números preocupantes.
"O produtor vai ter desconto na hora da entrega [da produção]. Quem já tem secador, pode chegar aos 13%, mas vai ter um custo maior nesse processo. O prejuízo mínimo é de R$ 3,5 bilhões, mas pode chegar a R$ 6 bilhões", explicou o presidente da Comissão Nacional de Cereais da CNA, Ricardo Arioli Silva.
O presidente da Faep, Ágide Meneguette, enfatizou que o produtor paranaense já faz o seu papel da porteira para dentro, utilizando tecnologias que preservam o solo e garantem maior produtividade. Além disso, o sistema sindical rural vai se posicionar contrário a qualquer medida que impacte a competitividade do setor agropecuário.
"O produtor não pode ficar com esse custo. Nós vamos exercer nosso papel, fazendo a interlocução com nossos agentes políticos no Congresso Nacional para evitar que essa medida seja implementada pelo Mapa", disse Meneguette. "Outros elos da cadeia, como exportadores e traders, estão querendo jogar esse custo no nosso colo, pressionando o Ministério. Mas a Faep está articulando uma reação junto à Frente Parlamentar Agropecuária", disse o presidente da CT de Grãos da entidade, José Antonio Borghi. (Foto: Sistema Faep)