A CEO da Del Veneto, Flávia Brunelli Sclauser, entrou para a lista que destaca os “empreendedores, criadores e game-changers que revolucionam os negócios e transformam o mundo”, a Forbes Under 30. A empresária, que pensava ter menos credibilidade por ser mulher e jovem, no início da carreira, ganhou notoriedade e respeito ao construir um negócio artesanal de produção suína no Brasil.
Ainda na faculdade de administração de empresas, Flávia fez a tese de conclusão de curso focada em um produto inovador dentro do ramo alimentício, um fast-food especializado em carne suína. A virada de chave e a decisão de empreender, no entanto, veio com o prêmio que ganhou para fazer um curso na Disney University, em Orlando, o qual revelou o potencial do negócio. Com isso, Flávia pediu demissão do emprego em uma multinacional que fabrica embalagens para alimentos e começou o empreendimento no mercado de entregas de cortes porcionados.
Sem figurar entre as carnes nobres do país, a produção suína de alta qualidade foi introduzida no Brasil após Flávia ter feito cursos nos Estados Unidos, Argentina e Itália, e trabalhar em açougues para entender melhor os detalhes da atividade na qual ingressaria. Após realizar o benchmarking e entender os rumos do segmento, a dona da Del Veneto apresentou ao mercado brasileiro cortes suínos especiais, como o T-bone, prime rib e ancho. A executiva enxerga nesse movimento de suprir uma carência do mercado, com base em estudo e análises na área, a definição de empreender.
“Acredito que empreender é encontrar alguma oportunidade, alguma dor do mercado e investir esforços, ter muito estudo e entendimento do setor e começar algo nesse nicho, juntando uma dor e uma oportunidade com estudos, como a possibilidade de analisar tendências de outros lugares, pegar referências e criar algo novo”, explicou Flávia.
Dificuldades de empreender
Apesar do reconhecimento da Forbes Under 30 apontar para o produto final do trabalho de Flávia, ela esclarece que empreender requer muito trabalho e superação de desafios. Ao longo da entrevista que concedeu para a Forbes, ela indicou que a falta de mão de obra especializada e a carência de informações ao consumidor são obstáculos para o crescimento da empresa. Além disso, Flávia conta que foi descredibilizada durante a criação da empresa.
“A maior dificuldade foi o fato de ser mulher e jovem. As pessoas não davam tanta credibilidade para mim. Mas, mais do que ser mulher, eu sou zero vítima. Sobre ser jovem, as pessoas julgavam. ‘Ah, o que essa menina está falando? O que ela está fazendo?’. Acho que a gente tem que trabalhar e fazer o nosso melhor, e eu entrego o meu melhor”, declarou.
Ao analisar o cenário brasileiro, a empresária entende que o país evoluiu e é referência mundial, com animais e produção de nível elevado. No entanto, avalia que ainda há preconceito sobre a carne suína.
“O consumo de carne suína aumentou nos últimos anos, subindo de 15 para 20 quilos (per capita ao ano) nos últimos cinco anos. É um aumento bem drástico, mas, comparado ao resto do mundo, que consome de 40 a 60 quilos per capita por ano, é muita diferença. O brasileiro ainda tem preconceitos sobre a carne suína, mas ela é de excelente qualidade e não deve nada aos produtos comercializados fora do Brasil ou importados”, assegurou a executiva.
Futuro do negócio
Foto: Divulgação
Com a ideia de expandir o negócio, Flávia estuda propostas de investidores para seguir para outros estados brasileiros. O crescimento da empresa, que já conta com demandas no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, segundo Flávia, deve preservar a essência artesanal da produção suína. Um dos facilitadores desta expansão é a certificação SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), que vai possibilitar melhorias logísticas e comerciais.