Como Ratinho, Greca, Lula e Bolsonaro podem afetar o voto dos curitibanos para prefeito
POLITICA
Publicado em 29/03/2024

Os levantamentos divulgados nesta semana por Radar Inteligência e Paraná Pesquisas não se limitaram a mostrar uma disputa embolada pela Prefeitura de Curitiba nas eleições de 2024. O empate quíntuplo no topo das pesquisas é, claro, significativo, mas ainda ocorre num cenário de movimentações políticas e consolidação de pré-candidaturas. Se não impossível, é bastante improvável que todos os cinco pré-candidatos do topo das intenções de voto vão constar como opção na urna eletrônica no dia 6 outubro.

E a viabilidade de cada um deles depende, e muito, de seus padrinhos políticos. Nesse contexto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito Rafael Greca (PSD) e o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) são peças importantes no xadrez da eleição curitibana. E o levantamento da Paraná Pesquisas mediu o potencial eleitoral, positivo ou negativo, de cada um deles, além da aprovação dos que atualmente exercem mandatos.

Quem comemora e quem se preocupa com os dados da pesquisa Radar

Quando perguntados sobre o impacto da indicação de algum destes cabos eleitorais na decisão de quem votar na capital, Ratinho Jr. sai na frente com 35,1% dos entrevistados dizendo que “com certeza votariam” em um nome indicado pelo governador do Estado. Na sequência, aparecem Bolsonaro (28,5%), Greca (23,9%) e Lula (17,3%).

Na contramão, quando se mede a rejeição da indicação, o atual presidente do Brasil aparece na “liderança”, com 57,5% dos ouvidos na pesquisa dizendo que “jamais votariam” em um nome indicado por Lula. Neste quesito, a menor rejeição é a de Ratinho Jr. – 19,3% não votariam em alguém indicado por ele, seguido de Rafael Greca (20%).

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Jair Bolsonaro, em que 43,6% dos entrevistados disseram que jamais votariam no indicado, também tem seus problemas como cabo eleitoral na capital paranaense.

Governos Greca e Ratinho em alta. E Lula, em baixa

O Paraná Pesquisas também perguntou aos curitibanos qual a avaliação que eles fazem dos governos Greca, Ratinho Jr. e Lula. O prefeito manteve um alto índice de aprovação, de 72,9%. Já o governador tem prestígio ainda maior com os curitibanos, com 74,8% deles aprovando sua administração.

No entanto, o levantamento mostra que a insatisfação com o governo federal está grande em Curitiba. O percentual de entrevistados que avalia a administração petista como péssima está em 38,3%. Somando as categorias ótimo e bom, que compõe a chamada “aprovação”, apenas 37,1% avaliam de forma positiva a administração de Lula.

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Como informação, Bolsonaro, adversário do petista no segundo turno em 2022, recebeu 64,78% dos votos válidos em Curitiba, mostrando que a capital paranaense não apoiou significativamente a chegada de Lula à Presidência da República.

E a quem esse cenário favorece?

Se há uma conclusão simples a ser feita é que os dados dão força à pré-candidatura do vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD). Na disputa pelo Palácio 29 de Março, ele conta com dois cabos eleitorais de peso – Ratinho Jr. e Greca. Numa eleição que se desenha para ter um foco maior na cidade, e não na polarização política que toma conta do Brasil, ele desfruta de um cenário favorável para crescer nas pesquisas.

Se a discussão não for nacionalizada, Pimentel tem ainda o trunfo de poder falar a um público que largamente aprova a gestão de seus cabos eleitorais, com Ratinho Jr. e Greca tendo aprovações de suas gestões acima dos 70% entre os eleitores da capital.

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Outra vantagem para o vice de Greca é o de, em um eventual segundo turno, disputar contra um apadrinhado de Lula ou Bolsonaro e poder ter benefício da alta rejeição entre o eleitorado das duas figuras nacionais.

O distanciamento da polarização nacional, em tese, pode favorecer Luciano Ducci (PSB), mas não na disputa direta pela prefeitura, e sim na busca de ser confirmado como candidato da aliança PSB/Federação PT/PCdoB/PV. O ex-prefeito, que era vice e assumiu quando Beto Richa (PSDB) saiu para ser governador em 2010, não é associado imediatamente como alguém “de esquerda”, que é parte de seu problema de ser aceito pela militância do Partido dos Trabalhadores.

Se a pecha de “candidato do Lula” certamente vai ser associada a Ducci pelos adversários, esta não é uma ligação imediata feita, por enquanto, pelo eleitor médio da capital. Enquanto isso, sua principal adversária na disputa pela candidatura, a deputada federal Carol Dartora (PT), se elegeu apostando na ligação estreita com a campanha presidencial de Lula.

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O dado de rejeição do ex-presidente e a tendência de “desnacionalização” da eleição não favorecem aos candidatos que se apresentam como nomes de Jair Bolsonaro na capital. Um “vai, não vai” de Beto Richa (PSDB) ao partido do ex-presidente, o PL, resultou em desgaste interno, com rusgas entre alguns dos principais expoentes do bolsonarismo no Estado. A rejeição a nomes apoiados por Bolsonaro em Curitiba não é desprezível – 43,6% dos entrevistados disseram que jamais votariam no nome indicado por ele, um patamar alto e só comparável ao de Lula (57,5%).

O ex-deputado federal Paulo Martins assumiu, ao menos temporariamente, a pré-candidatura do PL em Curitiba. Só que uma possível (e provável) cassação do senador Sergio Moro (União Brasil) pode fazer com que ele prefira disputar a eleição suplementar para a vaga. Martins foi o segundo colocado em 2022, no pleito que levou o ex-juiz da Lava Jato ao Senado. Pelo pouco tempo de lá para cá, certamente teria um bom potencial eleitoral para faturar a eleição.

Dados obrigatórios das pesquisas

A partir do começo deste ano, qualquer levantamento com objetivo de medir intenções de voto tem que ser registrado na Justiça Eleitoral, com os dados obrigatórios a seguir.

O levantamento da Paraná Pesquisas foi feito entre os dias 15 e 20 de março, com 800 entrevistados, e foi contratado pela TV Bandeirantes do Paraná Ltda. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais, para mais ou para menos. O grau de confiança é de 95% e o número de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o PR-01504/2024.

Os dados da pesquisa do instituto Radar Inteligência, mencionados neste texto, são: levantamento feito entre os dias 11, 12 e 13 de março, com 816 eleitores, e contratado pelo próprio instituto. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais, para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95% e o número de registro no TSE é o PR-07339/2024.

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