Burlar ordem processual e até decisões do Supremo, violar o código da magistratura e prevaricar são as alegações apresentadas por Luís Felipe Salomão, desembargador do CNJ (Conselho nacional de Justiça), para determinar o afastamento do Judiciário, nesta segunda-feira (15), dos juízes Danilo Pereira Junior e Gabriela Hardt, atual e ex-titulares da 13ª Vara de Curitiba, aquela da Operação Lava Jato, e dos desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 54ª Região).
O caso mais emblemático é o da juíza Hardt. De acordo com Salomão, a correição feita sobre o trabalho dela "identificou diversas irregularidades e ilegalidades nos fluxos de trabalho desenvolvidos durante diversas investigações e ações penais que compuseram o que se denominou Operação Lava Jato, especialmente no que se refere aos mecanismos de controle e prestação de contas nos autos".
Salomão afirmou que a magistrada emitiu decisões baseadas em informações incompletas, "e até mesmo informais", que eram repassadas pelos procuradores da Lava Jato, sem ouvir ou levar em conta qualquer tipo de contraditório.
"Faz-se, portanto, inconcebível que a investigada possa prosseguir atuando, quando paira sobre ela a suspeita de que o seu atuar não seja o lídimo e imparcial agir a que se espera", justificou Salomão, que é visto como um aliado do ministro Alexandre de Moraes.
Quanto aos demais afastados, pesou o suposto "descumprimento deliberado" de decisões do STF, com condutas que, ainda de acordo com Salomão, "macularam a imagem do Poder Judiciário", comprometendo a segurança jurídica e a confiança na Justiça.
Os afastamentos foram decididos de forma cautelar e deverão ser analisados já na sessão desta terça-feira (15) do STF. (Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ)