Vereadores da cidade de Formosa (GO), município de 123 mil habitantes localizado a 80 km de Brasília, aprovaram o aumento dos próprios salários e da remuneração do prefeito e do vice-prefeito, a partir de 1º de janeiro de 2025. Para justificar o próprio aumento, os representantes do Legislativo municipal reclamaram que são mal remunerados e demonstraram insatisfação com os novos valores aprovados. Os vereadores da cidade realizam apenas seis sessões por mês.
O vereador Hermes Costa (União) disse que mesmo que o salário dos vereadores fosse de R$ 300 mil ainda seria pouco por causa dos pedidos dos eleitores. De acordo com o vereador, “vergonhoso” não é o valor que eles recebem, mas as propostas que recebem de alguns eleitores. Em discurso, ele afirmou que “as pessoas banalizam os políticos e a política”. “A mola propulsora para a pessoa se interessar por um cargo, uma profissão, é o salário”, disse. “Se nós formos atender às pessoas que nos ligam pedindo uma ajuda, nós tinha (sic) de ganhar era R$ 300 mil, e não dava. Porque todo dia chega um, pede uma consulta, pede um transporte, pede um remédio, uma cesta básica”, reclamou. Veja trechos de alguns dos discursos:
Os vereadores de Formosa aprovaram o aumento de seu salário de R$ 14.904,66 para R$ 17.387,32. O próximo prefeito receberá R$ 34.774,64, e o vice, R$ 17.387,32. A proposta foi aprovada com o apoio de nove vereadores. Apenas quatro votaram contra. A cidade faz parte da região do Entorno do Distrito Federal. O salário mínimo no Brasil em 2024 é de R$ 1.412. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda per capita no Brasil cresceu 11,5% em 2023 na comparação com o ano anterior, chegando ao recorde de R$ 1.848,00.
A vereadora Roberta Brito (PRD) alegou que não há salário que compense o tempo que ela está perdendo ao não acompanhar o crescimento das suas filhas. Contou que é obrigada a delegar a assessoras a tarefa de buscar as crianças na escola e que não tem horário sequer para almoçar.
“Não tenho horário para almoçar, tenho três filhas e não vi elas crescerem para cuidar da população de Formosa. Qual o dinheiro que paga isso? Às vezes não consigo buscar minhas filhas na escola, são minhas assessoras que vão buscar.”
O presidente da Câmara, Mundim (Podemos), disse que é preciso ter muita coragem para se lançar à prefeitura de Formosa com um salário de R$ 34 mil. “Ele é muito corajoso”, disse. O vereador afirmou que havia se comprometido com os colegas a evitar a realização de sessões extraordinárias, mas que decidiu abrir uma exceção para votar um “projeto tão fácil”.
Índio de Assis (Mobiliza) cobrou dos colegas apoio à proposta. Segundo ele, é inadmissível “tirar o dinheiro dos que estão sonhando com esse aumento”. O vereador que achasse o valor elevado, provocou ele, poderia usar o excedente para comprar cestas básicas.
O vereador Joelson Trovão (Agir) disse que havia sido “intimado” por sua esposa a abandonar a política, tamanho o comprometimento dele com o mandato. “O salário não é muito”, reclamou. Segundo ele, se a remuneração fosse reduzida à metade, não apareceria candidato à Câmara de Formosa.
Vereadores contrários à iniciativa alegaram que o município enfrenta crise em áreas estratégicas, como a saúde e a educação, e que o momento é inadequado para aprovar esse tipo de aumento, que impactará os cofres públicos.
Votaram a favor do aumento os vereadores
Cátia Rodrigues (PSB)
Com de Paiva (Podemos)
Roberta Brito (PRD)
Filipe Vilarins (MDB)
Índio de Assis (Mobiliza)
Joelson Trovão (Agir)
Hermes Costa (União)
Mundim (Podemos)
Nema (Podemos)
Votaram contra o aumento:
Delegada Fernanda (PP)
Dr. João Batista (DC)
Ciê do Sacolão (União)
Simone Ribeiro (PL)