Uso excessivo da internet já é um grave problema de saúde pública
POLITICA
Publicado em 22/08/2024

Do salto nas miopias à depressão, da dificuldade de aprendizagem ao suicídio, do cyberbullying à obesidade... Isso é apenas uma pequena parte da extensa lista de danos causados pelo uso excessivo da internet na infância e na adolescência, considerada a principal causa geradora da primeira geração com QI (quociente de inteligência) menor do que o dos pais.

O uso excessivo das redes sociais foi debatido na Assembleia Legislativa do Paraná, nesta quinta-feira (22), por uma banca de especialistas que considera a evolução tecnológica como recurso fantástico, mas ao mesmo tempo sem controle e sem ética com crianças e adolescentes, promovendo grandes impactos na saúde física, mental e nas relações sociais.

A audiência foi organizada pela deputada estadual Márcia Huçulak e reuniu profissionais e gestores em diferentes áreas relacionadas ao tema, como saúde, educação, comportamento e Direito para buscar soluções de enfretamento e ampliar o discurso sobre o assunto.

"As pessoas precisam saber que o uso excessivo de telas em crianças faz atrofia cortical no cérebro (síndrome neurodegenerativa), com danos para o resto da vida. Podemos estar formando uma geração que terá muitos problemas. Hoje já tem pesquisa científica provando aumentado da ansiedade, tentativas de suicídio, depressão e crianças que não se conectam. O futuro dessa geração pode estar comprometido se não tomarmos atitudes como governo e sociedade. Nossas crianças e adolescentes não têm o luxo de esperarmos mais evidências, temos de agir", afirmou Márcia.

 "Hoje há uma pandemia do uso virtual das telas, especialmente no celular, sem controle da família e das escolas, com acesso livre a 5 bilhões de internautas. Infelizmente não assusta os pais e os meios de educação como deveria. É um mundo fantástico, pena que junto estão os perversos e o consumo, pois somos produtos para a internet e nossas crianças mais ainda", avaliou a médica Luci Yara Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Ela também é idealizadora e coordenadora do Programa Dedica (Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente) e também citou a questão do sedentarismo, o aumento dos problemas auditivos, oftalmológicos e a previsão de que 50% da geração atual ficará míope em 20 anos, e 10% dessa miopia levará à cegueira.

Em 2023, pela primeira vez a ansiedade entre crianças e jovens superou, em número de registros, a de adultos, segundo a Rede de Atenção Psicossocial do SUS. O Brasil é o terceiro país que mais consome redes sociais no mundo. São mais de 131 milhões de contas ativas com média de uso de 10 horas por dia na internet e 3h41min nas redes sociais.

Por conta desse quadro altamente preocupante, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que não haja nenhum uso de telas por crianças até dois anos de idade; até uma hora de uso dos três aos cinco anos e no máximo duas horas dos seis aos 18 anos de idade. (Foto: Valdir Amaral/Alep)

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