A Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) voltou a alertar os produtores rurais a respeito dos efeitos do fenômeno climático La Niña, que deverá se repetir a partir deste mês. Caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, ele altera o regime de chuvas no continente. Para o Paraná, as previsões são de chuvas abaixo do normal, principalmente nas regiões Noroeste, Norte e Norte Pioneiro. As temperaturas, por sua vez, tendem a ficar acima das médias históricas.
O cenário foi esmiuçado ao longo da live "Panorama climático em ano de La Niña", pelo meteorologista de Marcelo Seluchi, que desde 2011 coordena a Sala de Situação do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). Em sua apresentação, o especialista apontou uma tendência de La Niña de intensidade fraca ou moderada até março de 2025. Assim, é possível que outros fenômenos também interfiram nas condições meteorológicas da América do Sul.
O meteorologista aprofundou sua explanação, exibindo mapas e modelos meteorológicos que mostram as previsões de chuvas e de temperaturas para o Brasil. O Paraná se encontra em uma "área de transição", entre as condições que vão imperar sobre a região Sul e sobre o interior de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Assim, a região Centro-Sul do Paraná deve ter perspectivas mais neutras, enquanto a faixa Norte - que abrange as regiões Noroeste, Norte e Norte Pioneiro - devem ter chuvas abaixo da média.
Este cenário acende um alerta nestas regiões do Paraná, que já têm algumas áreas de seca estabelecida, com pontos de atenção em que mais de 90% das pastagens e/ou lavouras, que sofrem as consequências da estiagem. "Não temos previsão de chuvas acima da média. A situação de seca, que está aparecendo na faixa Norte, não tem previsão de se reverter. Inclusive, é uma área que deve ter chuvas abaixo da média", ressalta Seluchi. "Temos uma ‘seca meteorológica’ na faixa Norte do Paraná", acrescentou.
Outro ponto mencionado pelo meteorologista é que o La Niña favorece a ocorrência de fenômenos intensos, como ondas de frio e de calor e a má distribuição de chuvas, com concentração das precipitações em períodos muito curtos - o que pode ser ruim para a agricultura. Até meados de setembro, as precipitações devem ficar abaixo da média. "Já as temperaturas devem ficar dentro da média. Não devemos ter, nesse período de curto prazo, ondas de calor prolongadas que causem impacto na agricultura", observou Seluchi.
O presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, enfatizou a necessidade de o produtor rural estar atento às perspectivas climáticas para planejar seu ano-safra, preferencialmente protegendo sua produção com o seguro rural - que é uma das bandeiras da entidade. "Nossos produtores têm que fazer a análise e pensar no seguro rural, que é uma garantia. Temos um dever de casa, que é pensar nessas condições e planejar a safra", disse. Há décadas, o Sistema FAEP tem solicitado o aumento dos recursos junto ao governo federal para subsidiar a contratada do seguro rural pelos agricultores. (Foto: Divulgação Sistema Faep)