"Dois bicudos não se beijam" é uma expressão popular que significa que duas pessoas de temperamentos fortes normalmente não se entendem, o que é perfeitamente compreensível. Mas o que aconteceu na noite de ontem (15), durante debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo realizado pela TV Cultura, é muito mais que qualquer desarmonia momentânea.
A atitude intempestiva de José Luiz Datena de agredir Paulo Marçal com uma cadeirada, ao vivo e a cores, não só pegou mal como feriu gravemente, uma vez mais, a nossa ainda incipiente democracia.
Os dois contendores, que num país verdadeiramente sério talvez a essa altura já tivessem sido banidos do processo eleitoral, vinham se digladiando verbalmente desde muito antes desse debate, no qual trocaram severas acusações antes de entrar nas vias de fato, que culminaram com a expulsão de Datena do estúdio e a ida de Marçal a um hospital, com suspeita de fratura em uma costela.
Embora não seja uma novidade, nos últimos anos esse tipo de animosidade tem se espalhado feito pandemia aqui e lá fora - vide a nova tentativa de atentado contra Donald Trump nos EUA, também neste domingo - em uma estratégia suicida para, por vingança ou tentativa desesperada de "virar o jogo", chamar a atenção do eleitorado, como se isso fosse determinante para a conquista do voto.
Político que agride fisicamente ou acausa adversários sem provas, coisa que virou moda com o advento das redes sociais, deveria ser punido com o banimento da vida pública - e para sempre. (Foto: Reprodução TV Cultura)