J.J. Duran
A trilogia pobreza-ignorância-delinquência é uma constante nas análises feitas pelos sociólogos, políticos e jornalistas quase como se fosse algo natural associar tais elementos.
Mas ninguém escolhe ser pobre, ignorante ou marginal. É a sociedade que induz a essa situação.
Vivemos falando e escrevendo sobre os pobres como se eles não constituíssem uma categoria social que é parte de um todo completado pelas classes média e rica.
Existe uma tendência quase inconsciente em se estigmatizar as pessoas pobres, fato que leva milhões de brasileiros a serem precocemente julgados e condenados por não terem nascido em um berço de ouro.
Se realmente queremos construir um país solidário, primeiro temos que trocar essa forma de ver e agir, pois os pobres, por regra, carecem dos direitos humanos fundamentais e poucas vezes têm a oportunidade de se realizar, acabando por se transformar em excluídos da sociedade.
Dois caminhos são básicos para podermos reformular esse lastimoso quadro: educação e trabalho.
A história mostra que a Nação que não dá oportunidades iguais para todos enfrenta, invariavelmente, um futuro de graves conflitos socioeconômicos - esse desfecho é mera questão de tempo.
Para termos essa certeza, basta olharmos atentamente o quadro de insegurança que nos cerca.
Não é uma solução continuarmos investindo pesado no aparato repressivo, pois este vai continuar sendo insuficiente para enfrentar a marginalidade.
O caminho certo não é construir superpresídios, mas sim escolas, fábricas, moradias dignas para alcançar a justiça social tão depreciada em tempos de populismo, seja de esquerda ou de direita.
Ser pobre não significa ser ignorante ou delinquente. Significa ser carente das condições necessárias para vencer na vida.
E vencer sem a necessidade de reivindicar os direitos absurdos outorgados a si próprios "pelos que mandam", como bem escreveu José Luiz de Imaz. (Foto: iStock)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná