Emily de Souza Braz, de 24 anos, entrou para a história do país, nessa sexta-feira (11), ao ser a primeira mulher a se formar no Centro Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx), em Taubaté, no interior de São Paulo. Ela se tornou a primeira mulher piloto de helicóptero do Comando de Aviação do Exército (Cavex).

Natural de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, Emily participou do curso com mais 13 militares - todos homens. A preparação e as exigências são as mesmas para todos e demandam rigor técnico e precisão.

“Durante a rotina do curso, a gente não consegue pensar na proporção que é esse momento, mas é uma grande honra e também uma responsabilidade enorme representar tantas mulheres que sonham em ocupar espaços tradicionalmente masculinos. Isso me motiva ainda mais. Então é uma felicidade muito grande estar abrindo caminho para que outras mulheres possam vir realizar esse sonho também”, afirmou a 1º Tenente do Exército Brasileiro.

O curso durou 63 semanas, tempo suficiente para ela demostrar capacidade nas provas de voo, que avaliaram emergências, navegação, tática, instrumentos e visão noturna.

“Inicialmente, ela vai começar como piloto básico, fazendo parte da tripulação e cuidando mais da parte de manobra da aeronave. E aos poucos, conforme for ganhando experiência, ela já vai ascendendo a outros cargos, até chegar ao comando da aeronave, na parte da gestão do voo, gestão da segurança e gestão da equipe. Já exige mais. Futuramente, será instrutora de voo. É a sequência natural que a gente tem para os nossos militares especialistas”, explicou o major do Exército Brasileiro e chefe do curso de piloto, Thiago Cadime do Nascimento.

“A gente tem que conhecer bem a máquina que a gente voa. Há uma série de especificidades. Não só o que ela tem, mas também o que pode acontecer durante o voo. Sempre falam que o piloto tem que estar com o pensamento à frente, até porque voando não tem acostamento. Então a gente tem que estudar rotineiramente as emergências que podem acontecer durante o voo, para, caso aconteça, a gente ser capaz de manter o equilíbrio emocional e conseguir pousar em segurança em um momento de pane”, completou Emily.

A jovem entrou para a história do exército do país nesta sexta-feira (11), mas, antes disso, já tinha outras conquistas no meio militar - em 2018, recebeu um título conhecido como ‘claviculário’, conquista dada ao mais jovem da turma na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), que foi a primeira a formar mulheres.

Com apenas 24 anos, a 1º Tenente já tem um currículo capaz de inspirar as mulheres que sonham em seguir o mesmo caminho. A presença feminina no Exército Brasileiro, aliás, tem aumentado.

Em 20 anos, o número de mulheres na corporação aumentou de 4.158, em 2014, para 13.328, em 2024. No Cavex, elas representam 4,3% do efetivo total - 150 de 3.462.

“É uma emoção muito grande. Eu lembro do meu primeiro voo, que eu quase não consegui aprender nada, de tão deslumbrada que eu estava com tudo. Então é realmente muito emocionante, é um sonho que eu consegui realizar, graças a Deus. Estou muito feliz com isso.”

A trajetória contou com o importante apoio dos pais, que estiveram presentes na formatura realizada nesta sexta-feira (11), ao lado de diversas autoridades, como o comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, o comandante do Cavex, general de brigada Emerson Alexandre Januário, e o prefeito de Taubaté, Sérgio Victor (Novo).

“Quando ela falou eu disse: ‘filha, você tem certeza?’. Ela respondeu: ‘eu tenho.’ Então vai, né? Se o sonho é voar, vamos lá. Sempre foi assim. Ela decide, põe na cabeça e vai até o fim. Ela é guerreira, determinada. Ela foi e conseguiu”, diz a mãe de Emily, Eliane de Souza Braz.

Tenente de 24 anos é a primeira mulher a se formar piloto de helicóptero do Comando de Aviação do Exército no Brasil — Foto: Reprodução/TV Vanguarda