Num país onde pesquisas eleitorais moldam narrativas e influenciam votos, a falta de independência financeira de muitos institutos levanta um alerta vermelho. Investigadores, juristas e analistas políticos vêm denunciando uma prática preocupante: sondagens supostamente neutras, mas financiadas por interesses diretos de candidatos e partidos — em especial, por empresas sem patrimônio sólido, dependentes de contratos pontuais para sobreviver.
No Distrito Federal, o tema ganha contornos ainda mais graves. Em 2023, um homem foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de falsificar dados de intenção de voto para favorecer candidaturas locais. O caso revelou como planilhas manipuladas e simulações estatísticas podem circular com aparência de “pesquisa oficial”, influenciando opinião pública e decisões de campanha. Embora casos como esse não sejam comuns, o terreno é fértil para distorções quando falta estrutura de fiscalização, transparência e independência financeira.
O risco aumenta quando institutos sem histórico ou capital próprio aceitam encomendas políticas sem divulgar claramente seus financiadores. Quem paga a pesquisa? Quem lucra com o resultado? A ausência dessas respostas torna a disputa eleitoral um campo minado. Especialistas pedem regras mais duras: exigência de patrimônio mínimo, auditorias públicas e punições severas para dados manipulados. Até lá, o eleitor segue refém de números que, em vez de refletirem a realidade, podem ser apenas projeções compradas.