A década 2020-2030 será marcada pelo retorno da educação ao seu lugar mais nobre: o de conduzir e guiar pessoas aos próprios caminhos, e não mais a um trajeto imposto por paradigmas atrasados, não alinhados às demandas atuais e futuras. O raciocínio foi exposto por Luís Rasquilha, CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), do Hospital Albert Einstein e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP).
Em artigo escrito com o sócio Marcelo Veras e publicado no site do MIT Sloan Management Review Brasil, Rasquilha aponta que “a quarta revolução industrial em curso está entrando na escola e na sala de aula, chutando a porta e sem pedir licença, e aproximando a educação do mundo do trabalho”.
Educar é “guiar”
Os articulistas pontuam que o termo “educar” tem origem do latim “educare”, que é uma derivação dos termos “ex” e “ducere”, que significam: “ex”: “fora” ou “exterior”; “ducere”: “guiar”, “instruir”, “conduzir”. “Educar é, portanto, conduzir, guiar”, argumenta o professor.
A educação, segundo ele, é um duto onde alguém entra de um lado e sai do outro melhor do que entrou. Ele contrapõe, contudo, que, a educação, tanto a básica quanto a superior, se afastou da sua missão original e se desviou do seu propósito maior nos últimos tempos, prestando um desserviço a muitas crianças, adolescentes e adultos.
“Currículos pautados no desenvolvimento de competências técnicas, excesso de conteúdos, aulas meramente expositivas, métodos de avaliação e processos seletivos de entrada nas universidades pautados pela capacidade de memorizar grandes quantidades de informação. Tudo isso produziu uma educação conteudista e que foi, aos poucos, se distanciando das necessidades reais da humanidade e do mundo do trabalho. O abismo entre a escola e o mercado cresceu tanto que as empresas começaram a criar, no início deste século, as próprias universidades corporativas”, analisa o executivo.
Veja as 12 principais tendências da educação listadas para esta década:
- Processos avaliativos que tenham como objetivo medir capacidade de memorização deixarão de existir. Vestibulares, ENEM, entre outros, acabarão.
- As universidades corporativas terão maior relevância.
- A educação será, por definição, híbrida, fazendo com que a experiência de aprendizado não se resuma ao que acontece dentro da sala de aula.
- A inteligência artificial (IA) vai ampliar atuação nas salas de aula.
- A pesquisa acadêmica se concentrará cada vez mais na solução de problemas atuais e reais.
- As avaliações deixarão de ser individuais e passarão a ser em equipe.
- A contratação por competências serão cada vez mais comuns e relevantes.
- As competências socioemocionais terão prioridade no mundo do trabalho sobre as competências técnicas.
- Novas disciplinas serão incorporadas aos currículos, como futuro e tendências, criatividade, empatia e cooperação, entre outras.
- Grades e conteúdos serão co-criados com a participação de alunos, professores, escola e família.
- As “nanodegrees’’ (microcertificações) serão a resposta à necessidade de atualização permanente. O conceito “lifelong learning” (aprendizado ao longo da vida) fará parte da rotina diária das pessoas.
- As jornadas educacionais serão personalizadas e direcionadas ao perfil e momento de vida de cada aluno. Isso fará com que, no limite, cada aluno tenha a própria trilha de formação.