J. J. Duran
Procurei, nos últimos anos de minha vida profissional como jornalista, escrever esta coluna sabática com o sentimento de ser presença humilde e respeitosa, levando aos leitores os pensamentos de um indo-americano que foi tocado, como muitos da sua geração, pelos fatos que tumultuaram a verdadeira fraternidade.
Procurei levar sempre uma mensagem de conciliação do local com o universal, do terno com o trágico e da ironia sem ódios, pois sempre lutei para ser respeitosamente autêntico no pensar, no escrever e no agir.
Desde meus anos de universitário assumi a difícil tarefa de ser um fraterno acompanhante do povo mais esquecido pela decantada justiça social e pelos donos do poder.
Minha cara senhora, não sei se pela formação recebida de grandes mestres do jornalismo platino dos anos 40 do século passado, ou pelos graves e fratricidas acontecimentos que vivi em minha terra natal, mas não saberia ser um jornalista doentiamente barroco.
Hoje estou neste País que me presenteou com a paz e uma família amorosa, com imperfeições e limitada visão do quão escabroso é lutar num meio onde dinheiro, compadrio e estupidez fazem da mentira uma enlouquecida verdade.
Escolhe viver meus últimos anos nesta pacata aldeia, hoje com característica de futura metrópole e onde pululam encontros e desvarios de graúdos personagens com a pobreza do dissidente político, mas também onde procurei (e procuro) cultivar amigos e estender a mão para aqueles que nada têm.
Jamais eu e minha boa e simples companheira Ana Maria abandonamos nossos filhos. E nada fizemos para aparecer, ao contrário do que a senhora espalha no submundo onde habitam os poderosos sem coração e com muito dinheiro.
Por fim, quero lhe dizer que na vida de todo dissidente político há sempre uma grande pedra no caminho que o angustia, gera frustrações e devolve ao seu cenário a agonia dos dias de perseguição do tirano que assolou minha Argentina durante mais de 45 anos.
Não defendo, tampouco acuso quem quer que seja. Só lamento o juízo que fizera Pilatos ao Bom Judeu. Barrabás se juntou aos ladrões para culpar Cristo e pendurá-lo na cruz. Não sou Cristo, mas jamais me esquecerei dos sacerdotes do Sinedrin e das beatas chorosas.
Cada um tem seu estilo próprio de vida, de escrever e de saber perdoar.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel do Paraná