A falta de saneamento básico sobrecarrega o SUS e provocou 344 mil internações no Brasil em 2024, informa levantamento divulgado hoje pelo Instituto Trata Brasil.
O que aconteceu A universalização do saneamento básico no Brasil reduziria em 86.760 o número de internações por DRSAI (Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado). A redução traria uma economia de, aproximadamente, R$ 49,9 milhões aos cofres públicos, segundo o Trata Brasil. O custo por internação é de R$ 506,32. Apenas em 2023, foram 11.544 mortes por DRSAI. Em 2008, início da série histórica, foram 11.956 óbitos.
Presença de saneamento básico reduziria em 69% a taxa de internações. Com adequação do saneamento básico em todos os lares brasileiros, em 36 meses a taxa de internações por essas doenças cairiam drasticamente.
Apesar do alto número de internações, houve redução na média anual de casos de 3,6% nos últimos 16 anos. Em 2008, foram registrados 615,4 mil casos. A taxa de internação é maior entre idosos e crianças — eles somam 43,5% das internações. Pessoas com idades entre 0 e 4 anos representam 54 casos de internação para cada 10 mil habitantes, e idosos, 23,6.
Dengue é a principal ameaça da falta de saneamento Entre as doenças causadas pela ausência de saneamento básico estão diarreia, hepatite A, dengue, malária, leptospirose e conjuntivite. Elas são transmitidas por transmissão feco-oral, insetos ou pelo contato com a água imprópria. Os casos analisados pelo levantamento foram absorvidos pelo SUS, causando uma sobrecarga do sistema, segundo o Trata Brasil.
Dengue foi a que mais causou internações no ano passado. Foram 164,5 mil casos de um total de 168,7 mil provocados por insetos.
Levantamento usou dados do DataSus, do Ministério da Saúde, e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Intitulado "Saneamento é saúde: como a falta de acesso à infraestrutura básica impacta na incidência doenças (DRSAI)", o relatório foi realizado em parceria com a EX Ante Consultoria.Em seguida, vem doenças de transmissão feco-oral: 163,8 mil internações.
Maranhão e Distrito Federal lideram internações Maranhão lidera ranking de maior incidência de internações pelas doenças ocasionadas pela falta de saneamento. O estado registrou cerca de 46 casos para cada dez mil habitantes em 2024. Veja o ranking da taxa de casos por dez mil habitantes:
Maranhão: 45,815 casos por dez mil habitantes em 2024, a maior incidência total de DRSAI do país Distrito Federal: 36,234; Paraná: 25,607; Amapá: 24,600; Minas Gerais: 22,329.
Falta de saneamento expõe desigualdade, aponta levantamento A falta de saneamento agrava desigualdade de gênero, segundo o levantamento. Há mais incidência de internações entre mulheres do que homens, de acordo com o levantamento de 2024. Pessoas do sexo feminino representam 53% das internações — 20,7 mil internações a mais que os homens.
Aproximadamente 65% das internações ocorreram entre pardos e pretos. A pesquisa também revela que há um contrabalanço racial nos dados, enquanto pessoas brancas representaram 113.169 internações, pessoas negras foram 223.163 casos. Ainda foram registradas 5.403 internações entre pessoas autodeclarados e 2,7 mil entre indígenas.
O avanço do saneamento básico no Brasil irá reduzir a incidência de uma série de doenças, que infelizmente, como vimos, impactam mais severamente as crianças, os idosos, mulheres e pessoas autodeclaradas pardas, amarelas e indígenas (...) precisamos priorizar investimentos que promovam o acesso a água tratada e coleta e tratamento dos esgotos se quisermos atingir as metas do Novo Marco Legal do Saneamento. Priorizar o tema hoje é ter um Brasil no futuro mais próspero e saudáve