A poucos dias do julgamento do pedido de cassação do mandato do senador Sergio Moro, no TRE do Paraná, novas revelações dos diálogos recolhidos pela Operação Spoofing, e liberados pelo STF, mostram que o então juiz da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba encomendou uma investigação contra o governador Beto Richa. A data era 9 de julho de 2015 e o argumento usado por Moro era um boato.
Diz o então juiz em mensagem pelo Telegram ao procurador Deltan Dallagnol: “Procede esta notícia de que AY tem informações sobre Beto Richa e o Abi?”. AY é uma referência ao doleiro Alberto Youssef e Abi era o primo do governador Luiz Abi Antoun, já falecido.
Deltan responde quase quinze minutos mais tarde, no mesmo Telegram: “Não procede”. E saúda Moro: “Bem vindo ao Telegram!!”, dando a entender que começava aí o relacionamento dos procuradores com o juiz Moro por esse aplicativo de mensagens.
Moro ainda insiste: “Será que ele não falou somente aos promotores de Justiça? Parece que ele andou depondo para o caso Olvepar”. Deltan responde: “Não tenho essa informação… quer que eu cheque?” Moro então faz o pedido: “Acho que seria interessante para saber o que está acontecendo”. Deltan completa: “Vou checar com os advogados, é o caminho mais curto”.
Há, aqui, uma completa subversão da ordem. No sistema judicial brasileiro não cabe ao juiz pedir investigações. O papel dele é julgar e não investigar. É isso que levou o STF a acusar Sérgio Moro de atuar com parcialidade nos processos que envolveram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que por fim levaram à nulidade de todas as ações.
A alegada citação do nome de Beto Richa por Alberto Youssef nunca aconteceu, mas serviu de ponto de partida para que Moro e a Lava Jato passassem a investigar o então governador. Os diálogos revelados inicialmente pelo site The Intercept Brasil mostram muito mais. “Houve claramente um conluio entre procuradores e juiz, na tentativa de criminalizar seus alvos”, avalia hoje o deputado federal Beto Richa, que teve no final do ano passado todos os processos montados contra ele rejeitados e arquivados por ordem do ministro Dias Toffoli, do STF.
O diálogo: 09072015